Os efeitos das medidas emergenciais anunciadas há 41 dias, pelo Governo do Estado, para melhorar o atendimento hospitalar na rede pública ainda são tímidos e pouco mudaram a situação de escassez, improvisos e sofrimentos no Hospital Walfredo Gurgel. Na tarde de ontem, 103 pacientes estavam distribuídos em macas pelos corredores - 48 deles eram da ortopedia - a espera de vagas para transferência. No Centro de Recuperação de Operados (CRO), outroa 10 pacientes em macas. E, na Reanimação, 17 estavam entubados sem receber qualquer tipo de sedativos e também à espera de vagas em UTI's. Segundo a direção do HWG, os problemas no desabastecimento da farmácia - outro item em falta eram anestesias peridural para pequenas
A situação presenciada pela equipe de reportagem e relatada por médicos plantonistas é crítica - "apesar do decreto".
Pacientes no setor de reanimação permaneciam entubados - com ventilação mecânica - sem uso de sedação. "Temos hoje 17 pacientes entubados, na reanimação - que foi transferida para outro setor com a interdição do Cremern - nessa situação. Entubados e conscientes por falta da medicação", afirmou o médico plantonista Francisco Braga.
O desabastecimento afetou também a realização de cirurgias. Sem anestesia local, todos os pacientes são obrigados a receber a anestesia geral, independente do tipo de cirurgia. A medida, entretanto, não traz qualquer prejuízo aos pacientes, garante o plantonista Francisco Braga.
O problema seria no intervalo para atendimento entre os pacientes, que passa a ser maior, devido ao efeito da anestesia geral - cerca de uma hora. "Para receber novos casos, os médicos precisam observar o paciente. Enquanto com a peridural, já libera em seguida, para fazer o outro atendimento", disse.
Plantonistas do Centro Cirúrgico, que prefiram não se identificar, informaram que o lote de anestesia peridural estaria vencido.
Outra medida prevista no Plano de Ações e ainda não viabilizada é a criação dos leitos de retaguarda. Os 17 pacientes entubados na reanimação aguardam vagas de UTI para serem transferidos. Na UTI cardiológica, dos dez leitos, quatro estão inativos por falta de aparelho.
Nos corredores dos diversos setores, 103 pacientes estavam acomodados em macas à espera de leitos. Destes, 48 eram da ortopedia e aguardavam transferência para outras unidades. Outros 18 casos de "pés diabéticos" esperavam pela liberação no Hospital Ruy Pereira. Segundo informações da Unidade de gerenciamento de Vagas (UVG), o Município, responsável pela pactuação com a ortopedia de baixa e média complexidade, informou que não há vagas nos hospitais credenciados (Hospital Memorial e Médico Cirúrgico) para a transferência.
O Centro de Recuperação de Operados do HWG - onde ficam os pacientes recém-cirurgiados - funcionava acima da capacidade. Além dos nove leitos, outras dez macas se apertavam na unidade e corredor. "É na base do improviso, não são as condições ideais mas é o que podemos fazer para dar a assistência e minimizar o sofrimento", disse outro plantonista.
A TRIBUNA DO NORTE tentou, sem sucesso, contato com a direção dos Hospitais Memorial e Médico Cirúrgico, bem como a Secretaria Municipal de Saúde.
O problema não se limita ao Walfredo Gurgel, no Santa Catarina, na zona Norte, os médicos trabalhavam sem medicamentos vasodilatadores coronarianos - usados no tratamento de insuficiência coronária - e até reagentes usados nos exames laboratoriais. "O desabastecimento permanece apesar do mecanismo legal, o decreto de calamidade, que deveria acelerar essas melhorias não surtiu efeito na ponta. È preocupante", disse o médico e ex-diretor do Santa Catarina, Sebastião Paulino.
Desabastecimento deve ser sanado em setembro
O estoque de medicamentos e insumos do maior Hospital do Estado era, até ontem, equivalente a 39% do necessário para atender a demanda normal da unidade, conforme informou a diretora geral da unidade, Fátima Pereira. "O estoque chegou a zero com a vacância na direção. Esperamos normalizar, dentro do prazo estabelecido o Plano de Ação, que é de 60 dias do decreto (em 4 de setembro)", acredita a diretora. O decreto de calamidade da saúde foi feito em 4 de julho. Os primeiros medicamentos e insumos chegaram ontem, em meio a ameaça de paralisação de serviços, como a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da cardiologia do HWG, que se encontrava na segunda-feira, também sem sedativos.
Caso não tivesse chegado, explicou a diretora geral do Hospital, Fátima Pereira, os médicos haviam anunciado que não receberiam novos pacientes e os internos teriam que ser transferidos para outras unidades. "Recebemos hoje pela manhã medicamento, em quantidade ainda pequena, mas que dará o suporte semanal aos serviços de urgência, mais prioritários".
O Hospital recebeu ontem os anestésicos Sevorane, Neocaína, Fentanila 2 ml e Dormonid (remédios usados para induzir ao sono pacientes com aparelhos de ventilação mecânica), entre outros dispensados pela Unicat, além de drenos de tórax e insulina - escassos durante o final de semana.
Fátima Pereira esclareceu que o anestésico peridural, usado em procedimentos cirúrgicos, não está fora do prazo de validade, mas o medicamento pode ter algum tipo de avaria que não produz o efeito no tempo esperado. Com isso, muitos profissionais optam pela substituição.
Segundo a chefe do setor de farmácia, Carla Francisca, o Hospital aguarda a entrega da Fentanila de 10 ml para a próxima semana. Enquanto isso, para surtir o mesmo efeito, o de 2 ml recebido ontem é usado em quantidade cinco vezes maior. A médica informou ainda que em reunião realizada na manhã de ontem, com diretores de todos os hospitais da capital, o secretário Isaú Gerino pediu cooperação mútua para minimizar o abastecimento nas unidades.
Alaíde Menezes, diretora da Unicat, justificou que a compra de insumos e medicamentos foi feito com diversos fornecedores e, por isso, a entrega tem prazos diferenciados. Com o decreto de calamidade em 4 de julho, houve na última semana, o empenho de R$ 5 milhões para aquisição de medicamentos e insumos, dentro do Plano Emergencial elaborado para enfrentar a situação. As demais ações, inclusive a implantação da Central de Regulação de leitos, deve obedecer o mesmo prazo - 60 dias. "Isso dará solução para a superlotação que enfrentamos. Hoje com 103 nos corredores e no fim de semana, chegou a 116", disse Fátima Pereira.
Pacientes no setor de reanimação permaneciam entubados - com ventilação mecânica - sem uso de sedação. "Temos hoje 17 pacientes entubados, na reanimação - que foi transferida para outro setor com a interdição do Cremern - nessa situação. Entubados e conscientes por falta da medicação", afirmou o médico plantonista Francisco Braga.
O desabastecimento afetou também a realização de cirurgias. Sem anestesia local, todos os pacientes são obrigados a receber a anestesia geral, independente do tipo de cirurgia. A medida, entretanto, não traz qualquer prejuízo aos pacientes, garante o plantonista Francisco Braga.
O problema seria no intervalo para atendimento entre os pacientes, que passa a ser maior, devido ao efeito da anestesia geral - cerca de uma hora. "Para receber novos casos, os médicos precisam observar o paciente. Enquanto com a peridural, já libera em seguida, para fazer o outro atendimento", disse.
Plantonistas do Centro Cirúrgico, que prefiram não se identificar, informaram que o lote de anestesia peridural estaria vencido.
Outra medida prevista no Plano de Ações e ainda não viabilizada é a criação dos leitos de retaguarda. Os 17 pacientes entubados na reanimação aguardam vagas de UTI para serem transferidos. Na UTI cardiológica, dos dez leitos, quatro estão inativos por falta de aparelho.
Nos corredores dos diversos setores, 103 pacientes estavam acomodados em macas à espera de leitos. Destes, 48 eram da ortopedia e aguardavam transferência para outras unidades. Outros 18 casos de "pés diabéticos" esperavam pela liberação no Hospital Ruy Pereira. Segundo informações da Unidade de gerenciamento de Vagas (UVG), o Município, responsável pela pactuação com a ortopedia de baixa e média complexidade, informou que não há vagas nos hospitais credenciados (Hospital Memorial e Médico Cirúrgico) para a transferência.
O Centro de Recuperação de Operados do HWG - onde ficam os pacientes recém-cirurgiados - funcionava acima da capacidade. Além dos nove leitos, outras dez macas se apertavam na unidade e corredor. "É na base do improviso, não são as condições ideais mas é o que podemos fazer para dar a assistência e minimizar o sofrimento", disse outro plantonista.
A TRIBUNA DO NORTE tentou, sem sucesso, contato com a direção dos Hospitais Memorial e Médico Cirúrgico, bem como a Secretaria Municipal de Saúde.
O problema não se limita ao Walfredo Gurgel, no Santa Catarina, na zona Norte, os médicos trabalhavam sem medicamentos vasodilatadores coronarianos - usados no tratamento de insuficiência coronária - e até reagentes usados nos exames laboratoriais. "O desabastecimento permanece apesar do mecanismo legal, o decreto de calamidade, que deveria acelerar essas melhorias não surtiu efeito na ponta. È preocupante", disse o médico e ex-diretor do Santa Catarina, Sebastião Paulino.
Desabastecimento deve ser sanado em setembro
O estoque de medicamentos e insumos do maior Hospital do Estado era, até ontem, equivalente a 39% do necessário para atender a demanda normal da unidade, conforme informou a diretora geral da unidade, Fátima Pereira. "O estoque chegou a zero com a vacância na direção. Esperamos normalizar, dentro do prazo estabelecido o Plano de Ação, que é de 60 dias do decreto (em 4 de setembro)", acredita a diretora. O decreto de calamidade da saúde foi feito em 4 de julho. Os primeiros medicamentos e insumos chegaram ontem, em meio a ameaça de paralisação de serviços, como a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da cardiologia do HWG, que se encontrava na segunda-feira, também sem sedativos.
Caso não tivesse chegado, explicou a diretora geral do Hospital, Fátima Pereira, os médicos haviam anunciado que não receberiam novos pacientes e os internos teriam que ser transferidos para outras unidades. "Recebemos hoje pela manhã medicamento, em quantidade ainda pequena, mas que dará o suporte semanal aos serviços de urgência, mais prioritários".
O Hospital recebeu ontem os anestésicos Sevorane, Neocaína, Fentanila 2 ml e Dormonid (remédios usados para induzir ao sono pacientes com aparelhos de ventilação mecânica), entre outros dispensados pela Unicat, além de drenos de tórax e insulina - escassos durante o final de semana.
Fátima Pereira esclareceu que o anestésico peridural, usado em procedimentos cirúrgicos, não está fora do prazo de validade, mas o medicamento pode ter algum tipo de avaria que não produz o efeito no tempo esperado. Com isso, muitos profissionais optam pela substituição.
Segundo a chefe do setor de farmácia, Carla Francisca, o Hospital aguarda a entrega da Fentanila de 10 ml para a próxima semana. Enquanto isso, para surtir o mesmo efeito, o de 2 ml recebido ontem é usado em quantidade cinco vezes maior. A médica informou ainda que em reunião realizada na manhã de ontem, com diretores de todos os hospitais da capital, o secretário Isaú Gerino pediu cooperação mútua para minimizar o abastecimento nas unidades.
Alaíde Menezes, diretora da Unicat, justificou que a compra de insumos e medicamentos foi feito com diversos fornecedores e, por isso, a entrega tem prazos diferenciados. Com o decreto de calamidade em 4 de julho, houve na última semana, o empenho de R$ 5 milhões para aquisição de medicamentos e insumos, dentro do Plano Emergencial elaborado para enfrentar a situação. As demais ações, inclusive a implantação da Central de Regulação de leitos, deve obedecer o mesmo prazo - 60 dias. "Isso dará solução para a superlotação que enfrentamos. Hoje com 103 nos corredores e no fim de semana, chegou a 116", disse Fátima Pereira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário